quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Saber lutar!

Todo dia eu me enfrento para saber da minha capacidade de luta. Esta tensão ocorre porque sou bipolar e meu humor varia muito. Os pensamentos de cometer suicídio são quase cotidianos e, tal qual este sentimento, a vontade de brigar, e brigar pela vida também.

Eu não quero cair na imbecilidade de que deus existe e nos protege. Seria falsear um sentimento que deve ser constituído por muita consciência do que sou, do que quero e para onde vou. Se deus existe ou não, eu deixo a discussão para a Filosofia (que muitas vezes estou lendo), para a Metafísica (se é que isso pode ser considerado ciência), para a Política (onde as armas do enfrentamento são buscadas para se submeter um ao outro) e para o sentimento de cada indivíduo, cada companheiro/a deste lugar que chamamos Vida.

Eu queria ter uma ideia do que é saber lutar, eu não tenho ideia nenhuma. Sei ou não que, só em estar respirando, eu já estou lutando. Acho ainda (acho?), estando aqui, sentado na frente do computador, escrevendo, estou lutando. Porém só creio que minha luta só interessa a mim próprio, porque interessariam às pessoas um cara cheio de minhocas na cabeça? Alguém estaria preocupado com uma pessoa que sofre todo dia de depressão, mania, alteração de humor ou seja lá o que for as consequências em ser um portador de transtorno bipolar?

Sei que, na verdade, tenho muitas esperanças no meu tratamento psiquiátrico. Sei que está difícil manter este tratamento em condições ótimas porque o salário de um aposentado por invalidez não aumenta como os das pessoas que estão em atividade. Eu poderia reverter....tentar voltar para o trabalho e aguardar a aposentadoria normal, mas será que eu sobreviveria? Será que eu não cometeria algum mal irremediável a alguém ou algo referente ao exercício profissional?

Hoje eu desisti de ser um alfabetizador voluntário para a Prefeitura do Guarujá. Confesso que estou muito triste por não ter insistido e tentado participar da seleção e - quem sabe - vir trazer pessoas, que vivem nas trevas da subcidadania, à inclusão social. Eu refleti muito! Eu poderia colocar pessoas em risco e também me colocar em risco. Afinal ninguém é obrigado a saber o que é bipolaridade!

Hoje, também, fiquei com uma inveja imensa (boa, mas inveja) do meu companheiro, Murilo, ao ele fazer uma declaração de amor à sua mãe. Como eu queria poder fazer isto também! Como eu gostaria de acreditar que temos uma outra vida depois desta! Como eu gostaria de falar, de sentir o afago, de saber que ela, minha mãe, está sempre zelando por mim.

Meu ateísmo não permite estas fraquezas...

Meu ateísmo é um incômodo! Saudável? Revelador? Forte? Dúbio?

Vou terminar com um provérbio de um site que gostei muito:

"O coração em paz, vê uma festa em todas aldeias." provérbio hindu.

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