sábado, 24 de novembro de 2012

Sonhando!



Creio que o sonho faz a gente se sentir melhor. Nas noites em que consigo dormir bem, quando eu tenho sonhos que me acordam de bom humor e sem medo de enfrentar a vida, o mundo me parece tão om, acessível, gostoso de se apreciar, de relaxar, de gozar.

Eu tenho vários sonhos com membros de minha família, com amigos, com pessoas que aparecem de forma estranha, gente que não conheço, mas que é agradável. Dizem que vamos para outra dimensão em nossos sonhos. Talvez...como denominaríamos esse fato ou ilusão? Não importa. O que ganhamos com esse "viver" num sonho é o mais importante porque nos alegramos, sentimos que é possível se dormir bem e acordar melhor ainda.



Escutar uma música, ou várias. Assistir a um filme, ler um livro, rememorar momentos enternecedores que tivemos no passado fazem parte deste cuidar-se.

Não estou sonhando! Isso é real. Mesmo que eu o diga em uma tarde de primavera...próximo ao verão. Vamos e voltamos sempre marcados pelo que nos apaixonamos, nos entregamos de corpo inteiro.

Acordar atento à vida não é uma obrigação. Desejamos que ela esteja sempre bem e isso não é sempre verdade. A tristeza pode nos tomar, a saudade pode nos conquistar, um sopro de vento pode nos levar de volta às lembrança doloridas como feridas abertas. Temos que nos sentar num banco, nos refazer e se levantar sentindo o amor próprio retomar nosso ser, fortalecido, arrancando do sonho a realidade que queremos.



Não vamos nos deixar entristecer pelos tacão do ódio, da fofoca, do desencontro inesperado, sentido e  desvelador. A vida é assim. Ela tem um dono. Você!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012




15 DE NOVEMBRO DE 2012 - 12H32 

Eric Nepomuceno: A sentença de um julgamento insólito 


José Dirceu, figura emblemática da esquerda, homem forte da primeira metade do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), dono de forte influência sobre o PT, partido que ajudou a fundar, e principal estrategista da chegada do ex-metalúrgico à presidência do Brasil, foi condenado a dez anos e dez meses de prisão e a pagar uma multa que gira em torno de 340 mil dólares. 

Por Eric Nepomuceno*


Com isso, caso se confirme a pena, José Dirceu terá que cumprir pelo menos um ano e nove meses de prisão em regime fechado, antes que possa solicitar a passagem para o regime semiaberto. Existe a possibilidade, bastante remota, de uma revisão de sua pena no final do julgamento realizado no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Seus advogados certamente recorrerão da sentença, mas com probabilidades igualmente remotas.

A sentença foi ditada ontem. Sete integrantes da Corte Suprema optaram pela pena mais dura, um pediu uma pena mais branda e outros dois optaram pela absolvição. José Genoino, presidente do PT no momento da denúncia, foi condenado a uma pena menor, de seis anos e sete meses. De acordo com a legislação brasileira, penas inferiores a oito anos podem ser cumpridas em regime semiabierto.

As penas, após as condenações, não surpreenderam. Desde o principio desse julgamento ficou clara a sanha da maioria dos juízes em satisfazer uma opinião pública altamente contagiada pelos grandes meios de comunicação, que condenaram Dirceu e Genoino de antemão e que agora se lançam sobre Lula. Prevaleceram inovações jurídicas no mais alto tribunal brasileiro, começando por colocar o ônus da prova não apenas em quem acusa, como também na defesa. Insinuações, supostos indícios, ilações, tudo passou a ser tão importante como as provas dos delitos de que eram acusados, que nunca surgiram. Dirceu foi condenado com base em um argumento singular: ocupando o posto que ocupava e tendo a influência que tinha, é impossível que não tenha sido o criador de um esquema de corrupção.





O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, primeiro negro a ocupar uma cadeira na máxima instância da Justiça brasileira, foi implacável em seu furor condenatório. De temperamento irascível, atropelando os colegas, exibindo um sarcasmo insólito, mencionou várias vezes a jurisprudência alemã, em especial o jurista Claus Roxin, de 81 anos, para justificar a aceitação de ausência de provas concretas ao se condenar mandantes de crimes.

No domingo passado, véspera da sentença, o mesmo Roxin se encarregou de esclarecer as coisas. Disse que sua teoria de “domínio do fato” havia sido mal interpretada por Barbosa. Para que a Justiça seja justa, é necessário sim, apresentar provas concretas.

A esta altura, esse esclarecimento é um pobre consolo para Dirceu e Genoino. O Supremo Tribunal Federal se prestou a um julgamento de exceção. Não houve nada que impedisse que esse rumo fosse traçado. Fora da Corte Suprema, pouca gente sabe quem é Claus Roxin. E dentro da Corte, talvez não importasse que seus ensinamentos fossem deturpados.

Ao fim e ao cabo, era necessário satisfazer uma opinião pública claramente manipulada. E, sobretudo, satisfazer seus próprios egos, que padecem de hipertrofia em estado terminal.

*Eric Nepomuceno é jornalista e colunista da Carta Maior.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Até quando a igreja católica continuará se intrometendo na vida pessoal dos indivíduos?


13/11/12

Vaticano inicia "guerra midiática" contra casamento gay

 
Publicado pelo OperaMundi
 
A alta cúpula da Igreja Católica irá intensificar sua campanha contra o casamento gay. De acordo com o jornal L’Osservatore Romano, principal publicação do Vaticano, a Santa Sé irá investir fortemente contra iniciativas de conceder o reconhecimento legal de casais do mesmo sexo.
 
Em um comunicado paralelo, feito pelo porta-voz do Papa, à Rádio Vaticano, Federico Lombardi perguntou sarcasticamente por que os defensores do casamento entre homossexuais não pedem também o reconhecimento legal de casais poligâmicos. “Fica claro que, nos países ocidentais, existe uma tendência disseminada de modificar a visão histórica do casamento entre um homem e uma mulher. Ou mesmo de renunciar à ela, eliminando seu reconhecimento legal específico e privilegiado na comparação com outras formas de união”, disse.
 
O editorial de Lombardi na Rádio oficial da ICAR, transmitida para o mundo todo em cerca de 30 línguas, classificou as decisões como “míopes”, afirmando que “essa lógica não pode ter uma percepção de longo prazo visando o bem comum”. Ele afirmou ainda ser de “conhecimento público” que o “casamento monogâmico entre homem e mulher é uma conquista da civilização”.
 
Reação
 
A forte reação dos católicos é resultado dos avanços do movimento gay em diferentes partes do mundo, escreveu o jornal The Australian. Três Estados dos Estados Unidos aprovaram o casamento homossexual em referendos e o presidente reeleito, Barack Obama já se disse favorável ao reconhecimento da união gay. Embora tenha parabenizado Obama pela reeleição, o Papa Bento XVI disse estar "rezando para que os ideais de liberdade e justiça continuem a ser acolhidos no mundo".
 
Na mesma semana, a Espanha manteve a lei do casamento gay, e a França avançou com a legislação que promete legalizar o casamento entre homossexuais no início do próximo ano.

Fonte:http://www.homorrealidade.com.br/2012/11/vaticano-inicia-guerra-midiatica-contra.html

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PELA JUSTIÇA AO JOSÉ DIRCEU!



O Supremo Tribunal, em menos de quinze dias, soltou um assassino - o que mandou matar a irmã Dorothy, no sul do Pará, uma freira norte-americana que há décadas trabalhava em prol do povo da floresta e condenou um líder democrático e socialista, sem provas e baseado em uma teoria de exceção, o "domínio de fato".



GOLPISMO! BASTA DO JUDICIÁRIO LIBERTAR BANDIDOS E MANDAR PRENDER LIDERANÇAS DEMOCRÁTICAS!

Abaixo, a nota do José Dirceu sobre sua condenação!

INJUSTA SENTENÇA
Publicado em 12-Nov-2012
Dediquei minha vida ao Brasil, à luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado. Banido do país, tive minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao país clandestinamente para manter nossa luta. Reconquistada a democracia, nunca fui investigado ou processado. Entrei e saí do governo sem patrimônio. Nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado. Fui cassado pela Câmara dos Deputados e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal Federal sem provas porque sou inocente.

A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.

Um julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar nossa inocência.

Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos.

José Dirceu.






quarta-feira, 7 de novembro de 2012

6 DE NOVEMBRO DE 2012 - 14H30 

Capistrano: Os 95 anos da Revolução Soviética


Neste ano, no dia 7 de novembro, comemoramos os 95 anos da Revolução Soviética de 1917. Fato histórico comparável a outro importante acontecimento da história da humanidade, a Revolução Francesa de 1789. Duas revoluções que transformaram o mundo.


Lenin

Hoje, mais do que nunca, se faz necessária uma profunda reflexão sobre a importância da Revolução Soviética para o mundo contemporâneo.

Em novembro de 1987, na época eu era reitor da UERN, fui convidado e participei de uma confraternização comemorativa aos 70 anos de Revolução de 1917. Confraternização realizada na embaixada da União Soviética em Brasília. Como historiador, comunista e admirador da Revolução Russa de 1917, estar presente na festa dos seus 70 anos, ainda mais na embaixada Soviética, foi um momento mágico para mim. Naquela época já dava os primeiros passos a “famosa” Perestroika comandada por Mikhail Gorbatchev. Era o início do fim da União das Repúblicas Socialista Soviética, como também, o fim dos regimes socialistas do Leste Europeu, momento de incerteza do movimento comunista internacional.

Durante a década de 1990, no auge do neoliberalismo, houve um massacre midiático contra as ideias marxistas, ideário que fundamentou a Revolução de 1917 e transformou a velha Rússia semifeudal no primeiro Estado Socialista do mundo contemporâneo e em uma das grandes potências econômica e militar do planeta.

Com o fim da Rússia Soviética, os ideólogos do mundo capitalista chegaram a preconizar o fim da história, como se isso fosse possível. Segundo eles era a derrocada do marxismo e o triunfo definitivo do neoliberalismo. Aqui no Brasil, no meio acadêmico e intelectual, falar ou defender o marxismo e a Revolução Soviética passou a ser coisa de dinossauro, de gente ultrapassada. Era o consenso midiático impondo os interesses de uma velha ordem que sempre desejou se eternizar como única via econômica e política para todos os países, tendo o neoliberalismo como teoria vitoriosa para sempre. Ledo engano.

Com o fracasso do neoliberalismo e a crise permanente do sistema capitalista mundial, tendo como consequências o desemprego e a perda de conquistas históricas da classe trabalhadora, inclusive nos países desenvolvidos, o marxismo e a Revolução Soviética voltam a ser uma referência nos debates sobre os rumos que a humanidade deve tomar na busca de um mundo econômico e socialmente justo.

Com o aprofundamento da crise europeia e os sobressaltos do capitalismo norte-americano, como também a nova conjuntura política da América Latina, se faz necessária uma reflexão profunda sobre o mundo contemporâneo e os benefícios do marxismo para a humanidade.

A experiência soviética não pode ser esquecida. As conquistas econômicas e sociais trazidas pela Revolução de 1917 voltam a ser relembradas como modelo de transformações sociais e culturais de interesse da classe operária e campesina, em fim, de toda coletividade.

Portando, é importante que os partidos políticos de esquerda, as universidades, os sindicatos da classe trabalhadora, as organizações populares, enfim todos os que têm compromisso com a coletividade e com a convivência pacífica entre as nações, realizem debates, palestras, conferências com o objetivo de resgatar os pontos positivos da Revolução Soviética de 1917 e do marxismo para a humanidade.

Reproduzo um pequeno comentário que li em uma matéria sobre os preparativos de um ciclo de debates que o Jornal Brasil de Fato realiza sobre os 95 anos da Revolução de 1917, comentário no qual o missivista diz: “Parabéns pela iniciativa! Estamos todos, a cada dia mais necessitados de debates que nos ajudem a compreender algumas das profundas transformações (e esperanças) que foram massacradas na última década do século passado e que precisam ser reapropriadas, reinventadas, refundadas nestes novos tempos de profundas desgraças, mas, também, de largas e belas possibilidades”. O sonho de um mundo socialista não morreu.

 
Antonio Capistrano – foi reitor da Uern é filiado ao PCdoB

(fonte: site "Vermelho") -      
http://vermelho.org.br/rn/noticia.php?id_noticia=198264&id_secao=104#.UJrsaqebXSg.facebook

sábado, 3 de novembro de 2012

GOLPE?

Eu não acredito que os setores conservadores queiram dar um golpe.
Derrotados nas urnas, seriam derrotados nas ruas. O povo não obedeceria a mais ninguém, o Estado perderia toda e qualquer autoridade. Hoje não temos um povo que se submeteria a uma ditadura seja militar, seja de um judiciário vende pátria e capacho das oligarquias.
O Estado democrático sequer consegue dominar o narcotráfico, quanto mais um povo irado, insatisfeito com a usurpação de seu poder por políticos bandidos que não querem perder sua parte de poder onde foram derrotados.



A mídia, aliada ao poder judiciário submetido à pressões inadmissíveis num estado de Direito Democrático, conseguiram uma vitória de Pirro no Supremo Tribunal Federal. O povo respondeu, solenemente com indiferença e raiva, à tentativa desleal desta matilha de condenar lideranças antigas do Partido dos Trabalhadores num processo eleitoral corrente. Vergonha que teve pronta resposta popular numa lavada eleitoral inesquecível para a oposição vende pátria. O país não tem mais um povo cordeirinho como imaginavam os golpistas!
Temos que ter atenção e organização. Numa tentativa de golpe pelo judiciário teremos que ocupar as ruas e promover ações de insatisfação sem violência, mas com determinação.
Demonstraremos, como em todo o processo de democratização do país, agora liderado pelas classes trabalhadoras, sem lideranças patronais, a vontade das urnas em ver o país caminhando na direção do progresso e do fim da miséria e da pobreza.
Queremos mais educação, segurança, saúde e crescimento econômico. Queremos banir de nossas terras a violência, o elitismo, o autoritarismo e a exclusão social.
Ninguém deterá o povo brasileiro deste destino. Há décadas o movimento popular aponta para uma nova era de liberdade, desenvolvimento social, econômico e institucionalização da democracia.
Os inimigos da verdade, da igualdade entre nossos compatriotas e o exercício pleno da cidadania não terão sucesso!


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

UMA NAÇÃO CADA VEZ MAIS DEMOCRÁTICA E JUSTA?



Na minha infância, por ser sempre um moleque perguntador, eu ficava muito curioso com o que os adultos debatiam, e, um assunto particular me instigava: a política. Meus pais, conservadores e lacerdistas, sempre estavam envolvidos na família, com amigos e em locais públicos com conversas sobre como o Brasil poderia melhorar, defendendo pontos de vistas muito semelhantes, numa cumplicidade que me enchia de orgulho. Afinal meus pais além de falar de comidas, roupas, escola, disciplina como qualquer pai ou mãe fazem, eram pessoa consideradas muito inteligentes por serem claros no que se refere ao que pensavam para nossa Nação.
Mas eles brigavam muito entre si. Incompatibilidade de gênios, dizia meu pai. Irresponsabilidade, dizia minha mãe. E eu, meus irmãos e minha mãe voltávamos sempre para a casa de meus avós maternos, onde sempre fomos abrigados frente aos humores de minha mãe e de meu pai. Meu avô era um simpatizante das idéias progressistas e sempre me chamava a atenção uma frase que ficou gravada na minha memória: "um homem honesto é o que tira, legalmente, dos que possuem muito e dá estas riquezas aos que nada possuem".
Esse pensamento era muito conflitante com o que meus pais me diziam e que me levavam a ser um aluno excelente. Estude, se forme e seja um bom profissional. Era o que repetiam todo tempo para mim, quando eu recebia uma nota pior em alguma prova ou teste. Nunca repeti de ano. Sempre tive boas notas e, acredito os acostumei mal, pois perdia um ponto nas minhas notas 10, 9 ou 8 e meus pais cobravam.
Creio que é daí a minha preocupação com política. Muitos e muitas companheiros e companheiras de minha geração e a população em geral não querem ter mais problemas do que os já o possuem em seus cotidianos. Relegam a política para o segundo plano ou sequer a cogita em suas reflexões.




Eu cresci numa ditadura militar. Não se podia falar de política na escola. Tudo que podíamos fazer era ter alguém em quem confiar e externar nossos pensamentos. Eu me refugiei nos livros. Ia sempre à Biblioteca Nacional ou a do bairro, ou as bibliotecas dos amigos e amigas. Falar, cantar, declamar versos, ler determinados jornais, revistas, livros e textos era perigoso, avisavam meus pais, preocupados com o filho que não se conformava com o medo em que as pessoas viviam.
Entrei na universidade. Pronto! Foi ali a perdição e os segundos contatos com a companheirada que lutava aguerrida contra o regime militar. Os primeiros foram tão assustadores que prefiro apagar da memória, pois me faz lembrar de coisas muito tristes.
Eu já me sentia mais livre para ler os clássicos do materialismo dialético histórico, afinal chegávamos à metade da década de 70...os ianques levando uma surra dos Vietcongs...o mundo parecia que ia explodir numa festa vermelha comunista. O tão temido comunismo de que discorriam os militares justificando seus horrores ditatoriais, sua violência generalizada contra tudo e todos que os tentavam dar vida aos obscuros anos mortíferos do após golpe de 1964.
E ficamos naquele sonho, nossos operários liderados por uma liderança ainda pouco conhecida, um homem que despontava em meio a greves desafiadoras da famigerada Lei de Segurança Nacional. Lei famosa por não estabelecer limites aos militares na sua sanha de perseguir, prender, torturar, desaparecer e matar todos os seus inimigos sejam políticos ou por questões pessoais. Isso, inclusive, deveria ser objeto de estudos. Quantos não devem ter sido assassinados por motivos puramente pessoais da casta de militares?



Aquele operário, da região mais industrializada do país, o ABCD paulista, enfrenta todos os poderes para conseguir ser ouvido, ele e sua companheirada. Era o nosso Lula! E ele foi preso, e ele foi fichado e ele...
Não ficou só! Alguns militantes de esquerda, inclusive eu, o temiam por pensarmos ele ser um pelego, um tipo de sindicalista muito comum na época. Afinal, liderava um sindicato que recolhia o Imposto Sindical!
Lula, entretanto foi uma surpresa não tão surpresa. Surge o movimento pró-partido dos trabalhadores e, ele, é o líder mais respeitado.
Início dos anos 80, o Partido dos Trabalhadores é fundado (alguns anos mais tarde - se não me engano, 1983, me filiei formalmente) e será fundamental para dar legitimidade ao processo de extinção dos poderes políticos dos militares, num grande mutirão dos diversos protagonistas sociais e populares para a transição pacífica em um processo de democratização da vida política brasileira.
O país chega ao fundo do poço do terror que emerge das revelações do que se passou nos subterrâneos da ditadura militar. As denúncias de torturas, assassinatos políticos e desaparecimentos de pessoas correm de boca em boca, começam a ser denunciados entre a população e os meios de comunicação passam a ter que noticiar sobre esta página negra de nossa vida política. Meus pais se decepcionam e minha mãe, pela primeira vez na vida, abraça as idéias de democracia popular e de condenação ao comportamento dos militares. Um livro joga a pá de cal em qualquer justificativa ou desculpas ao que ocorreu de tão vil com nossa Nação: é o "Tortura Nunca Mais". A vergonha nacional está ali estampada, nua e crua!




Em 1988 é promulgada a nova constituição sem o voto de aprovação do PT. Eta partidinho sempre do contra...já virava um debate entre as pessoas.
A luta pelas eleições diretas em 1984 e, depois pela eleição do Tancredo Neves (da qual o PT não participou - burguês por burguês...), significou um ascenso do movimento de massas no Brasil que nos levou a uma pequena mudança nas relações entre os agentes políticos. A tutela dos militares ficou menos intensa e a vontade popular foi expressada em manifestações, greves, eleições mais livres e democráticas. Muito vigor dos setores democráticos levou o país a romper com a legislação autoritária e os anos noventa prometiam.  O Partido dos Trabalhadores era o impertinente que denunciava as artimanhas que os políticos tradicionais armavam para manter a dominação das oligarquias que, agora, com o fim da ditadura tinham que se reorganizar, dando os anéis sem perder os dedos.
A União Soviética e os países socialistas do Leste Europeu passaram por rupturas que os levou a outras relações em suas próprias sociedades e com os demais países europeus. Os partidos comunistas se fracionaram, surgiram novos atores políticos como o Solidariedade na Polônia. A Iugoslávia também se esfacelou, submergindo numa guerra fratricida. O mundo socialista sucumbiu à política de reestruturação e abertura proposta pelo último poderoso secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética.
Correu mundo a ideia do fim da História. Não haviam mais dois blocos de super poder, não havia mais confronto entre capitalismo e comunismo. O primeiro tinha vencido a batalha ideológica.



No Brasil, o que víamos? Um partido de origem operária, com propostas radicais de mudanças na sociedade, alinhado às forças populares, socialistas, comunistas e até anarquistas.
Os militares torceram o nariz, porém as ações de massa, povo na rua exigindo liberdades democráticas, amplas, sem intervenção de poderes armados e organizados em partidos políticos, fizeram com que o poder anacrônico, opressivo e sem legitimidade fosse derrotado. O Brasil se levantava depois de se ver de joelhos, frente aos interesses das multinacionais e do capitalismo financeiro.
Em 1989, Lula fica para disputar as eleições no segundo turno com Collor de Mello e no último debate antes das eleições, amplamente divulgado pelas organizações populares e pelo próprio Partido dos Trabalhadores, se tornou peça chave para a vitória do candidato operário. Uma decepção! Lula se entrega às manipulações de Collor e, no dia seguinte a Rede Globo (como recentemente admitiu seu diretor geral à época, Boni) editou o debate no Jornal Nacional de sábado, véspera da eleição, cavando, assim, o enterro da candidatura que poderia iniciar a mudança econômica, social e política naqueles anos.
As organizações do povo, socialistas, populares e democráticas continuaram avançando. As lutas não foram abandonadas, em diversos lugares do país foram organizadas frentes políticas para criação do poder popular. Associações de Moradores, conselhos paritários entre cidadãos e Estado, organizações de afro-brasileiros, mulheres, índios, por rádios livres, pelo cuidado com o meio ambiente, pela inclusão social dos deficientes físicos, pelo direito de cidadania plena da população LGBT, pela reforma agrária (Movimento dos Sem Terras e assemelhados), pelos direitos dos Sem Moradia. O Estado democrático instituído pela Constituição de 1988 já teria que ser revisto e incorporar as muitas demandas da sociedade que teimou em não ficar parada, em não se dobrar ao neoliberalismo, a nova ideologia, que veio no esteio do "fim do socialismo". Dizia-se que era chegada a hora da "globalização", hoje menos de 30 anos depois já tão démodé em se citar.



Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente da República, recebendo um país com inflação quase a dois dígitos, dívida externa impagável e mal resolvida com os credores internacionais, o dólar valendo quase quatro reais, o país passando por um processo profundo de desindustrialização: resumindo, o caos.
Em quatro o novo Presidente da República inverte todas as previsões negativas para o Brasil, diminui todos os índices negativos e introduz políticas sociais exitosas. É reeleito em 2006, consolidando o processo de transformações e conduzindo o país aos melhores anos de sua existência, com o resgate social mais profundo de sua história. O processo democrático, entretanto, continua patinando na Democracia representativa. Não há avanços na estruturação e institucionalização de um poder popular mais decisório.
Em 2010 o ex-presidente Lula apresenta ao povo sua sucessora, a ex-ministra das Minas e Energia, depois ministra da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Roussef, que é eleita num processo onde a oposição, já sem bandeiras, apela aos setores mais conservadores, racistas e retrógrados do eleitorado com uma plataforma mal debatida e sem sustentação política ameaçadora ao intento dos setores democráticos e populares. A oposição, como uma última tentativa de não perder o trem da História passa, em coro com parte da mídia ligada aos interesses dos grandes agiotas e financistas internacionais, a fazer campanha contra "a corrupção", identificando-a com o PT e a esquerda. Um abaixo assinado, entretanto, une toda a sociedade no Movimento pela eleição de candidatos ficha limpa (sem condenação na Justiça). Ela é aprovada no Congresso Nacional e passa a valer a partir das eleições em 2012.
A democracia brasileira não tem aprofundado suas raízes no seio dos setores sociais que podem ser definidos como os guardiões de seus preceitos e de sua legitimidade. O processo de eleições a cada dois anos está criando um estranhamento do povo a tantas promessas não cumpridas e não se faz ser entendido que eleições, simplesmente, não resolvem as diferenças sociais e políticas que existem no Brasil, país onde impera uma enorme desigualdade social, diferenças regionais profundas, miséria e pobreza ainda não extinguidas.
Os índices das mudanças estão melhores, mas aquém do que é necessário para que possamos dizer que vivemos em um país democrático. É preciso qualificar o processo educacional. Os investimentos em saúde, transportes, energia, meio ambiente e segurança se tornam cada dia mais urgentes e necessários para ontem...
Milhões ascenderam em renda e em consumo, porém existem milhões que ainda clamam por Justiça em nossa sociedade: os imigrantes e migrantes escravos, os trabalhadores rurais, os trabalhadores menos qualificados, os povos da Amazônia, os indígenas, as crianças e adolescentes vitimados pela exclusão social e tantos outros setores alijados dos poderes de decisão e sem forças de convencimento.
A esperança não deve nos paralisar!



Meu pai e minha mãe, se vivos hoje - dia de finados de 2012 - estariam felizes em ver o Brasil que surgiu dessas últimas eleições: um país que aponta para mudanças e que, se não houver traições e golpes ao Estado de Direito e ao poder da representação, pode caminhar no aperfeiçoamento de sua democracia participativa e decisória.
As forças das mudança em todo o Brasil foram exitosas, apesar da organização espúria da oposição com o Poder Judiciário Federal, que julgou o chamado ""mensalão do PT" durante todo o processo eleitoral. Todo dia a população foi bombardeada com informações vindas de um verdadeiro Tribunal de Exceção que acusava lideranças antigas do PT de formação de quadrilha e corrupção. O tiro saiu pela culatra. O povo não se deixou enganar e olhou para sua própria vida, melhor do anos atrás e disse "nessa não caio". O Partido dos Trabalhadores foi o único, dos grandes partidos, que cresceu - acompanhado por um partido de porte médio (que é da base de sustentação do governo federal), o Partido Socialista Brasileiro - fundado pelo saudoso líder pernambucano, Miguel Arraes.
Nosso povo, entretanto, aponta para a necessidade de modificações na vida política! Ele deseja mais do que ir até a urna e digitar um número. Ele que ter voz e voto nas decisões cotidianas dos governos. Ele quer gestores da administração pública realizando os programas para os quais foram eleitos e não promessas que nunca serão cumpridas devido ao carreirismo político de falsas lideranças.
A democracia está numa encruzilhada: caminhará para ser uma farsa, ficando restrita às camadas mais poderosas e organizadas da população ou avançará para sua forma participativa, popular, em que os maus políticos paguem, antes das eleições, pelos danos que causam à sociedade, através de organismos que constituem o poder popular e seus aperfeiçoamentos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


O Amor Que Não Ousa Dizer Seu Nome - Oscar Wilde










"O Amor, que não ousa dizer seu nome,"

Bateu-lhe à porta, ao acaso, um dia.

E ele, inebriado pela cotovia

(que paira à janela, mas depois some...),

...


Sentiu crescer, súbito, na alma, u'a fome

De algo que, até então, desconhecia.

Desejo... estranheza... culpa... agonia...!

Desce aos umbrais, na angústia que o consome!

...


... Porém, depois das lágrimas enxutas,

Chamou a cotovia, deu-lhe frutas,

E sorveram, um no outro, a própria essência.

...


E ambos, nessa atração de semelhantes,

Num cingir de músculos, os amantes

Ergueram-se aos portais da transcendência.


Oscar Wilde, 1876

(Tradução de Oliver Cavalcanti)